Consciência Negra e Memória Ancestral: A Presença do Instituto Cultural Carta Magna da Umbanda na Serra da Barriga
- Pai Marcelo de Xangô

- 21 de nov.
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União dos Palmares (AL) — No dia 20 de novembro, o Instituto Cultural Carta Magna da Umbanda, representado por seu Presidente Nacional, Pai Marcelo de Xangô, participou das comemorações do Novembro Negro na Serra da Barriga, sede do Parque Memorial Zumbi dos Palmares — o maior quilombo da América Latina. A presença do Instituto ocorreu a convite da Fundação Cultural Palmares, fortalecendo ações de valorização da identidade afro-brasileira e das tradições de matriz africana.
Celebração reforça legado de Zumbi dos Palmares
As atividades marcaram os 330 anos da morte de Zumbi, último líder do Quilombo dos Palmares, figura central na luta contra a escravidão no Brasil. A data, celebrada como Dia Nacional da Consciência Negra, é considerada um dos principais marcos para reflexão sobre racismo estrutural, políticas públicas e reconhecimento da contribuição afro-brasileira na formação do país.
Segundo participantes, as celebrações reforçam a necessidade de ampliar ações de combate à discriminação racial e de fortalecimento das comunidades tradicionais.

Patrimônio cultural e referência para o afroturismo
A Serra da Barriga é reconhecida desde 2007 como Parque Memorial Zumbi dos Palmares e, desde 2017, como Patrimônio Cultural do Mercosul. O local preserva trilhas, estruturas e elementos históricos associados ao Quilombo dos Palmares e é considerado um dos principais destinos de afroturismo no Brasil.
Para a Fundação Cultural Palmares, o espaço funciona como “um território de memória viva”, onde se valoriza a ancestralidade africana e as histórias de resistência da população negra.
Dandara é lembrada como símbolo da luta feminina
Durante as homenagens, também ganhou destaque a figura de vários líderes daquele Quilombo, como Dandara dos Palmares, liderança feminina que atuou diretamente na defesa do Quilombo. Reconhecida no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, Dandara foi lembrada como referência histórica para a luta contemporânea de mulheres negras por equidade e representatividade.
Dados mostram realidade quilombola no Rio de Janeiro
Informações do Censo 2022 apontam que o Estado do Rio de Janeiro possui 54 quilombos oficialmente reconhecidos e mais de 20 mil quilombolas. No entanto, apenas uma parte dessas comunidades vive em territórios regularizados. Na capital, existem sete quilombos ativos, que desempenham papel importante na preservação da memória fluminense.

Avanços institucionais e políticas públicas
As atividades também abordaram os avanços promovidos pelo Decreto nº 11.786/2023, que instituiu a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PNGTAQ). A nova política fortalece práticas autogeridas pelas comunidades quilombolas e estabelece articulação interfederativa entre órgãos públicos, garantindo políticas mais efetivas, amplas e inclusivas.
Experiências quilombolas inspiram comunidades de terreiro
Para o Presidente Nacional do Instituto Cultural Carta Magna da Umbanda, as experiências de titulação e reconhecimento territorial dos quilombos são uma referência importante para os Povos e Comunidades de Terreiro. Segundo ele, a luta por proteção e reconhecimento dos espaços sagrados dialoga diretamente com os desafios enfrentados por terreiros em todo o país.
Pai Marcelo de Xangô destacou ainda que a Umbanda nasceu da resistência de pessoas escravizadas que preservaram suas tradições espirituais apesar da perseguição. “Essa ancestralidade que nos guia hoje foi construída com muita dor transformada em força, fé e luz”, afirmou.
Compromisso com políticas de igualdade racial
As celebrações na Serra da Barriga reforçaram o compromisso de instituições e lideranças com ações de promoção da igualdade racial, diversidade e inclusão. Os debates dialogaram com princípios internacionais de Equidade, Diversidade, Inclusão e Acessibilidade (E.D.I.A.) e destacaram a importância de políticas públicas permanentes.
A participação do Instituto Cultural Carta Magna da Umbanda nas atividades consolida seu papel na defesa da cultura afro-brasileira e na valorização das comunidades tradicionais.





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